Assinala-se em 2023 o Centenário do Nascimento de Eduardo Lourenço, um dos maiores vultos da cultura portuguesa, professor, ensaísta, escritor, pensador incansável de Portugal, da sua identidade e destino.
O programa comemorativo terá início em 23 de maio de 2023 (data do aniversário do ensaísta), na Guarda e na sua aldeia natal em S. Pedro de Rio Seco, concelho de Almeida, com a realização de uma Sessão Solene Comemorativa de homenagem ao pensador e de um Congresso do Centenário.
Durante um ano – até 23 de maio de 2024 – estão previstas jornadas, congressos, edições de livros, concertos, artes performativas, seminários e outros eventos que vão ajudar a expandir o legado de um dos maiores pensadores ibéricos do último século.
O programa das comemorações, coordenado pela Câmara Municipal da Guarda e pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), tem início no dia 23 de maio, data de aniversário do ensaísta, e irá prolongar-se até 23 de maio de 2024. Mais informação no site web
O centenário do nascimento de Eduardo Lourenço vai ser comemorado em iniciativas por todo o país e no estrangeiro, entre Universidades, Bibliotecas, Escolas, etc. O cerne destas atividades serão a cidade da Guarda e o local de nascimento de Lourenço, a aldeia de São Pedro do Rio Seco. Estas comemorações vão ter como base quatro eixos:
- Aprofundar o conhecimento da obra
- Ampliar o universo de leitores
- Expandir o legado de Eduardo Lourenço
- Territorializar um pensamento, desterritorializado.
Roteiro Eduardo Lourenço
Lourenço pensava na identidade e no destino que Portugal já percorreu e deveria percorrer. A preparação do programa do Centenário do Nascimento de Eduardo Lourenço tem o envolvimento direto de instituições com quem o ensaísta estabeleceu uma relação mais estreita e que esboçam um Roteiro Eduardo Lourenço, que incluirá São Pedro do Rio Seco, Guarda e Coimbra. Todos locais por onde Eduardo Lourenço passou e que desta forma vão ficar mais próximos.
Nos anos trinta – em 1931 – a Guarda, esta cidadezinha alcandorada e fria, então ainda lembrada da primeira República, foi, para mim, a cidade, como Roma era a Urbe para o cidadão romano. Atrás de mim ficava, para sempre, separada de tudo, à margem e no centro de tudo, a aldeia “piccolo mondo antico” […] A família da tua infância, a tua aldeia árida e pobre, hoje dissolvida em poeira e saudade estrelar viviam sem contradição alguma no neolítico, na pré-história, na idade média, um pouco já – quando alguém ia à estação de Vilar Formoso, no século XIX, e não sabiam quase nada do século XX que as ignorava. Nem água encanada, nem luz eléctrica que só quarenta anos mais tarde viria alumiar um mundo perdido. A água espera ainda, e é bem feito para um povo que se chama Rio Seco.Eduardo Lourenço «Lembrança espectral da Guarda» (Discursos)
Importa lembrar que, simbolicamente, Eduardo Lourenço doou a sua Biblioteca pessoal à Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (Guarda), à Biblioteca da Faculdade de Letras e à Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, à Casa da Escrita (Câmara Municipal de Coimbra), encontrando-se os seus manuscritos depositados na Biblioteca Nacional. Ainda em vida legou ao Centro de Estudos Ibéricos parte significativa do seu espólio (prémios, condecorações, medalhas, etc.), material que foi parcialmente usado para criar o Memorial Eduardo Lourenço, instalado na sede do CEI, inaugurado no primeiro aniversário da sua morte.