Melo, a mais literária aldeia de Portugal

Considerando a importância e o valor literário do escritor Vergílio Ferreira, o Município de Gouveia concebeu um produto Literário e turístico na aldeia de Melo, designado Melo Aldeia Literária que se consubstancia em duas grandes infra-estruturas: o Roteiro Literário Vergiliano e a Casa Para Sempre – Vergílio Ferreira, a inaugurar em 2024.

Associada à Casa e ao Roteiro pretende-se desenvolver um plano de ações culturais e turísticas de promoção a dinamização do espaço da Aldeia contribuindo para a captação de fluxos turísticos – culturais.

O Roteiro Literário Vergílio Ferreira inclui a elaboração de duas tipologias distintas:

  • o Roteiro Urbano desenvolve-se ao longo das ruas de Melo, tendo como principal objetivo o de dar a conhecer a aldeia onde nasceu Vergílio Ferreira a todos os seus leitores e provocar, nos que nunca o leram, a curiosidade e a atenção para a importância da sua obra literária;
  • e o Roteiro Rural, circular, alia o universo literário do escritor a ambientes florestais e humanizados, com forte cariz serrano, privilegiando o contacto com a Natureza.

O percurso urbano permite conhecer um pouco da aldeia e da montanha vizinha que o autor de Para Sempre trasladou para o imaginário da maior parte dos seus romances e contos, bem como o espaço em que viveu na infância e a que se refere, inúmeras vezes, nas páginas do diário.

A Casa Para Sempre Vergílio Ferreira é um espaço dinâmico, dedicado à vida e à arte literária do autor de Manhã Submersa. Apesar de incluir necessariamente uma componente museológica, o principal foco da Casa Para Sempre Vergílio Ferreira incide na criação de experiências que tornem a escrita e pensamento vergilianos relevantes para o visitante, tentando comprometê-lo com aquele lugar de forma emocional e afetiva.

A Casa Para Sempre Vergílio Ferreira pretende também recriar o espaço que inspirou a casa amarela do romance Para Sempre e Cartas a Sandra. Esta espécie de material de crítica genética dos citados títulos tornar-se-á, assim, no ponto de partida para uma viagem em torno da biografia e, sobretudo, dos livros de Vergílio Ferreira que serão, obviamente, os protagonistas deste projeto, viagem facilitada pelo facto de Para Sempre ser, indubitavelmente, o romance autobiográfico do autor e atualmente um dos mais celebrados.

EN NOME DA TERRA

O festival literário “En Nome da Terra” pode ser o momento ideal para conhecer Melo, uma aldeia literária da Serra da Estrela. De 2 a 6 de outubro, Melo, no concelho de Gouveia, acolhe a terceira edição deste festival, que procura promover a leitura e a escrita através do legado de Vergílio Ferreira, nascido em Melo em 1916.

A aldeia de Melo passa, a partir de agora, a ter uma casa com o nome de Vergílio Ferreira, que abrirá, pela primeira vez, as portas no segundo dia do Festival. Referida com frequência na literatura e nas obras de Vergílio, a Vila Josephine, também conhecida pela “casa amarela”, passará assim a ser designada como a «Casa de Vergílio Ferreira – Para Sempre”. Um espaço dedicado à vida e arte literária do autor, projetado para a criação de experiências que tornem a escrita e o pensamento de Vergílio relevantes para os visitantes, comprometendo-os de forma emocional e afetiva.

A Residência Artística, que ocupa integralmente o 2.º andar, permitirá aos criadores de diferentes artes, convidados ou selecionados por concurso, usufruírem das condições para, durante um determinado período de tempo, planearem e desenvolverem diferentes projetos artísticos, bem como participarem em iniciativas que os aproximem das comunidades locais. A Residência Artística também celebra a componente interartística da escrita do autor que privilegiou o diálogo com a música e a pintura ou o cinema, entre outras formas artísticas.

O projeto Melo Aldeia Literária transformará, assim, a aldeia num dos locais mais literários do país, facto justificado pela importância de Vergílio Ferreira no contexto da literatura de língua portuguesa do século XX; contribuindo para a valorização e a qualificação de um património cultural, tangível e intangível. De fato, este projecto não só tem por missão promover e divulgar a obra literária de Vergílio Ferreira mas também o território onde este nasceu, utilizou como espaço ficcional na sua Obra e até mesmo onde fez questão de ser sepultado.

O projeto reveste-se, assim, de uma natureza multipolar, trabalhando o património material e imaterial da aldeia de uma forma complementar, pluridisciplinar e integrada, reforçando o conhecimento do escritor, que se notabilizou pela dimensão estética e força comunicativa das suas criações literárias.

Em Nome da Terra, festival literário

A 3.ª edição do Festival Literário “Em Nome da Terra” está de regresso à aldeia de Melo, com um programa criado a partir do legado literário daquela que é considerada a aldeia mais literária de Portugal e que integra um conjunto de propostas que prometem acrescentar novas histórias e memórias a este lugar que já tanto tem para contar.

Conquistar novos públicos para a literatura e promover a leitura e a escrita gerando momentos de proximidade entre leitores e escritores foi o caminho iniciado em 2022 pelo “Em Nome da Terra”, com destacados convidados em áreas como literatura, ilustração, fotografia, cinema, teatro e música.

Um festival literário desenvolvido a partir do legado literário e da componente interartística da escrita de Vergílio Ferreira, que marca de forma ímpar a aldeia de Melo, e que promete convocar leitores de todas as idades. Este ano celebra a literatura sob o mote do tempo da escrita entre 2 e 6 de outubro, numa edição que conta com a presença de várias dezenas de destacados convidados entre autores, ilustradores, atores, músicos e contadores de histórias e que prometem um programa diversificado e que inclui apresentação de livros, conversas com escritores, exposições, horas de conto e de canto, oficinas de ilustração, percursos guiados por palavras, visitas a escolas, música, teatro… e até um jantar literário onde as palavras serão temperadas e servidas em lume brando… ou não.

IMAGEM: Vila Josephine (também conhecida pela “casa amarela”) em Melo, a aldeia eterna de Vergílio Ferreira (FOTO: whotrips.com – Trips & tips para viajar e descobrir Portugal).

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