Morreu o poeta Nuno Júdice (1949-2024), um dos mais importantes nomes da poesia contemporânea em português. Em 2022, foi publicado o volume “50 anos de poesia (1972-2022), que reúne o seu trabalho poético durante meio século. Da sua extensíssima obra poética, aquela que irá ser recordada como um marco importante na poesia portuguesa não é certamente a poesia exasperada dos seus últimos livros, mas aquela, muito mais impessoal, que pode ser sintetizada num aforismo que surge num dos seus versos: “A poesia é o teatro”.
Júdice foi decisivo numa época de transição da poesia portuguesa, entre as tendências experimentais da década de 1960 e o tom mais quotidiano dos anos 80 e seguintes. A sua obra poética e o trabalho de décadas em diferentes instituições foram um contributo maior para a singularidade, o cosmopolitismo e a projeção da literatura portuguesa.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República (nota de homenagem).
Autor de uma obra que abarca todos os géneros literários, da poesia ao ensaio, do conto ao romance, Nuno Júdice, um dos poetas mais reconhecidos e premiados nacional e internacionalmente, publicou, em Março de 2023, aquele que agora pode ser visto como o seu derradeiro livro – Uma Colheita de Silêncios – recebido pela crítica com grande entusiasmo e aclamação.
O seu primeiro livro de poesia – A Noção de Poema – foi publicado em 1972. Era um livro que, logo no título, indicava uma atitude poética muito auto-reflexiva, integrando as próprias questões internas da poesia. Desde então, tornou-se um dos mais notáveis e reconhecidos poetas portugueses, tendo recebido importantes prémios, em Portugal e no estrangeiro, onde está traduzido em muitas línguas.
Nuno Júdice foi um dos poetas portugueses mais publicados e traduzidos, tendo a sua obra merecido reconhecimento internacional com vários prémios, dos quais se destaca o Prémio Ibero-Americano Rainha Sofia atribuído em 2013.
Para além da obra poética, Nuno Júdice foi professor na Universidade Nova até 2015, tem obra publicada como ensaísta, nomeadamente sobre a literatura portuguesa da Idade Média aos tempos atuais. A sua tese de doutoramento teve como tema o “Espaço do conto no texto medieval”. Também produziu obras de ficção e traduziu e organizou antologias.
Entre os cargos que ocupou está a liderança do Instituto Camões em França, e o de conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Paris. Foi diretor das revistas literárias Tabacaria (1996 e 2009) e Colóquio de Letras.
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