Ponte da Barca, lugar de poetas

Ponte da Barca posee un rincón especial, lírico y atractivo en un espacio justo al lado del río Lima, el Jardim dos Poetas, con un monumento a sus dos poetas, que, además, eran hermanos: Diogo Bernardes (1526-1594) y Agostinho da Cruz (1540-1619). Ambos constituyen, desde su monumento, presencias bucólicas y místicas, presencias espirituales y escrutadoras de su mundo interior, presencias del fervor profundo y de la devoción religiosa. Y, en el segundo, una poética “a lo divino”.

Son poetas manieristas donde la honda tensión interior se conjuga con una conducta con técnica social, donde la contenida intensidad (un apretado disimulo) se conjuga con el tormento (de enorme interés antropológico), y donde la exaltación visceral y un “exceso“ de manera se alterna con el equilibrio y el orden.

Nos interesa más Diogo Bernardes, cuyos sonetos sobre el río Lima exprimen certeros versos sobre su esencia y magnitud. Me refiero a Rimas Vârias / Flores do Lima (ed. facsímil de 1597, con nota introductoria de Aníbal Pinto de Castro). Entresaco: “Meu patrio Lima, saudoso e brando / Como nào sentirá quem Amor sente, / Que partes deste valle descontente, / Donde também me parto sospirando?”. El sentimiento manierista del paisaje y de los sucesos en desconcierto del alma es esencial en Diogo Bernardes. El río Lima no sólo emite poesía por sí mismo, es que también posee una ilustre literatura portuguesa.

Os poetas da Ponte da Barca

Agostinho Pimenta (1540 -1619), mais conhecido como Frei Agostinho da Cruz. Por volta dos catorze anos, integra a comitiva da casa do infante D. Duarte. Terá sido ainda nesta fase da vida que se iniciou na senda da poesia, tendo primeiro produzido versos de amor profano, os quais, por desgosto amoroso, terá acabado por queimar. Frei Agostinho da Cruz escreveu elegias, éclogas, odes, endechas e sonetos. As suas obras só vieram a lume no século XVIII com a publicação, em 1728, do Espelho dos Penitentes, e, em 1771, da colectânea Obras. Em 1918 foi publicada uma nova edição, por Mendes dos Remédios, incluindo alguns inéditos entretanto localizados.

Diogo Bernardes (c. 1530 − c. 1594), ao qual acrescenta o Pimenta por ser nome do seu pai. Os seus temas típicos são um enamoramento espiritualizado com todo o recheio de paradoxos petraquistas; uma saudade, ou seja, o gosto de uma nostalgia indefinida, na intimidade a sós com a espessura viridente do seu alto Minho rural, com as penedias e, principalmente, com o derivar das águas nascentes ou fluviais, que tanto evocam as lágrimas como o curso irreversível do tempo [sendo notáveis as suas églogas inspiradas na beleza serena das margens do Lima, sem dúvida o seu rio privilegiado («águas que de mistura/convosco minhas lágrimas levais»)]; e, nos últimos anos, o desengano de todas as esperanças terrenas e um fervor religioso de reconciliação sem notas originais. (cfr. “História da Literatura portuguesa”). Em sua obra, dividida em três volumes, é nota permanente o rio Lima: Várias rimas do bom Jesus e á Virgem gloriosa sua mãe e a Santos particulares (1594), O Lima (1596), Rimas Várias, Flores do Lima (1597).

TEXTO ORIGINAL: Ángel Núñez Sobrino (publicado el 11 de julio de 2021 en www.elcorreogallego.es)

IMAGEN: Jardim dos Poetas, Ponte da Barca. (FOTO: Viver Portugal, blog).

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